sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Editorial

Palavras ou ações podem machucar as pessoas. O uso abusivo ou injusto do poder e da força lhes trazem ferimentos, sofrimento, tortura e, em casos extremos, a morte. A violência manifestada nessas práticas não se limita a um lugar ou a uma situação; ela está ao nosso redor, em nossas cidades, empregos, escolas e casas. Isso significa que é muito superficial e limitante pensar nessa prática somente com base em um simples conceito. Afinal, algo muito mais complexo está envolvido; algo que envolve todos nós.
As relações e problemas sociais devem permear a discussão em torno da violência, especialmente quando objetivamos apontar meios de recuperar os seres humanos que, por diversos motivos, passam a praticar atos ilícitos. Isso também vale quando nos prestamos a proteger as vítimas. Não podemos falar de vilões e mocinhos, mas de pessoas que precisam conviver com outras de diversas classes sociais, crenças e ambições.
Seria muito simples, por exemplo, apenas debater a respeito do tempo da pena que um indivíduo deve cumprir por determinado crime, ou julgá-lo por seus atos sem se levar em conta o contexto envolvido em cada caso. Isso não significa, no entanto, que devemos tirar a culpa dessas pessoas e colocá-las na posição de pobres sofredores que merecem a redenção. A questão é: o problema é mais profundo, vai além do enfoque na índole desses indivíduos.
Sobre isso, podemos lembrar as péssimas condições econômicas em que se encontra grande parte da população brasileira, ou então situações particulares, como no caso de pessoas que foram criadas em ambientes violentos. Essas circunstâncias podem motivar crimes e também influenciar a formação do caráter de cada indivíduo. Não se trata de uma tentativa de justificar as atitudes dos criminosos, mas de pensar o que os leva a tomá-las.
Tal reflexão por parte da sociedade é de extrema importância, mas uma outra questão ainda deve estar presente: como as vítimas devem agir? São inúmeros os casos de pessoas que sofrem violência, mas não denunciam os autores. Isso ocorre pelos mais diversos motivos, como dependência financeira, receio de correr o risco de não conviver mais com aquela pessoa, falta de informações sobre como realizar a denúncia e outros. Contudo, faz-se necessário apontar quem são os criminosos, uma vez que apenas dessa maneira existirá a possibilidade de se estudar e identificar os problemas sociais que levam à existência de determinada prática ilícita.
A partir disso, além de facilitar a busca de alternativas de combate à violência e de recuperação daqueles que cometem esse delito, a identificação dos crimes também permitirá que se saiba quais são os mais comuns em cada região. Contudo, criar uma gradação que coloque uma forma de violência em um nível superior a outra não se faz muito relevante. O que se deve analisar é o lado humano, tanto daqueles que praticam quanto de quem sofre essa prática.
É difícil precisar se a freqüência das agressões aumentou, já que nem todas entram nas estatísticas oficiais, ou se a facilidade de divulgação nos faz ter essa sensação. O certo é que o combate à violência deve ser uma prioridade. Com esse foco, será possível procurar as melhores maneiras de evitar que eles continuem a se repetir. Essa prevenção deve partir do governo, mas também da sociedade, na qual se incluem os veículos de comunicação.

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